25 de Junho, 2021

Tempo para pensar, tempo para sentir

Por Susana Monteiro

A “preguiça emocional” assenta na recusa da pessoa em pensar, planear e antecipar. Alimenta a carência de querer que tudo decorra conforme pretende e de que o mundo satisfaça as suas necessidades do momento. E se assim for, a pessoa considera que “Tudo está bem”… Não podia ser mais longe da verdade!

É necessário ter uma visão mais realista da vida, afastada da fantasia de que tudo vai correr como se pretende, de que tudo se irá resolver a nosso favor. Há que ter consciência de que controlamos praticamente NADA, e de que há infortúnios, imprevistos… Parece uma postura um pouco pessimista, mas no fundo é ter noção de que nem sempre as coisas correm como desejado e que muitos dos planos que fazemos, não se concretizam… Isto tanto se aplica em situações major como um casamento ou uma relação amorosa que termina, um problema grave de saúde, uma situação de desemprego, uma pandemia… Ou em situações menores, do quotidiano, como o facto de nem sempre as pessoas com quem vivemos nos compreenderem, nem sempre os colegas de trabalho pensarem como nós…

Há que ter a noção de que o mundo não nos deve nada e de que, às vezes, vai numa direção diferente da prevista sem nos consultar. Refletir sobre esta condição permite-nos lidar melhor com os estados emocionais desagradáveis ou negativos (raiva, medo, tristeza, frustração, impotência, solidão…). É doloroso, é difícil, mas se tivermos “preguiça emocional” para o fazer, o mais provável é que essas emoções se acumulem por um período de tempo longo e causem danos na saúde física e na saúde mental do indivíduo. Desde cedo, somos estimulados a não ter preguiça cognitiva (“Não podes ser preguiçoso/a, tens de estudar!”). Deveríamos também ser estimulados a combater a apatia emocional. Para um melhor crescimento e desenvolvimento pessoal!

Como desafio da semana propomos um registo diário das três emoções principais que pautam o seu dia. No fim da semana, identifique se há alguma predominância ou padrão das suas emoções e averigue se, na maioria, foram emoções desagradáveis ou agradáveis (alegria, amor, esperança, serenidade…) que sentiu ao longo da semana.